sexta-feira, 23 de março de 2018

Febre amarela: Vacina sem efeito? Própolis salvador? Fígado paralisado? Previna-se contra os boatos

Desde o início do ano passado, as infecções pela doença aumentaram no Brasil e, consequentemente, também cresceram informações imprecisas e mentirosas sobre os riscos da vacinação.

Resultado de imagem para febre amarela


ma corrente de Whatsapp afirma que a vacina contra a febre amarela não funciona mais porque o vírus sofreu uma mutação. Em outro texto que circula por aí, a "dica infalível" contra a doença é tomar própolis diluído na água ou no suco para se proteger contra o mosquito Aedes aeypti. Mas os especialistas alertam: nada disso é verdade.
Para esclarecer outras informações divulgadas sobre a vacina, o G1 lista vários boatos e explica com a ajuda de pesquisadores porque essas correntes são falsas e/ou imprecisas.
Mutação no vírus afetou a eficácia da vacina?
A mensagem alerta: "O vírus da febre amarela vem sofrendo mutações e mesmo vacinados corremos riscos".
O texto que tem se espalhado diz que a Fiocruz lançou uma nova orientação sobre a febre amarela, afirmando que o vírus vem sofrendo mutações e que, mesmo com a vacina, há riscos de contrair a doença. "Sendo assim orienta para o uso de repelentes a base de icaridina pra todo mundo", diz. "Há um novo vírus mutante nos rondando e para o qual não existe vacina", conclui.
A Fiocruz diz que a mensagem é falsa. A instituição publicou uma nota em suas redes sociais para desmentir os boatos relacionando as mutações do vírus da febre amarela à ineficácia da vacina.
De fato, mutações foram encontradas no vírus da febre amarela em 2017. No mesmo dia da divulgação dos resultados da análise, a própria instituição informou que não havia redução na eficácia da vacina.
Tomar própolis espanta o Aedes aegypti?
Circula pelas redes sociais a informação de que ao tomar de 3 a 6 gotas de própolis por dia é possível afastar o mosquito Aedes Aegypti, capaz de transmitir a febre amarela e outras doenças como dengue, chikungunya e zika virus.
mensagem diz que a própolis entra na corrente sanguínea e seu cheiro é expelido pelos poros, os mosquitos não suportam o cheiro e não picam.
Se fosse fácil assim, não teríamos mais problemas", diz Antonio Salatino, mestre e doutor em Ciências Biológicas pela Universidade de São Paulo (USP) e professor sênior da mesma instituição. Ele orienta pesquisas sobre própolis e plantas medicinais e garante que a informação não procede
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiX2_ol-6ReuTuwYLooXb0vKPiqTBQJ44T9NATA-LPpM_-X3y3ykKCmCXzLplX4jwk8Znp2CvH-Hz6BRILDz7C6WFXf5_RZC5SRuqa5Kdn5TxNC4TQgXH8Yy93i3pehuUjYI9C6OLPpDdnY/s640/famarela.jpg
"Se fosse fácil assim, não teríamos mais problemas", diz Antonio Salatino, mestre e doutor em Ciências Biológicas pela Universidade de São Paulo (USP) e professor sênior da mesma instituição. Ele orienta pesquisas sobre própolis e plantas medicinais e garante que a informação não procede.
"A própolis tem muitos efeitos benéficos, mas dizer que pode afastar mosquistos é absurdo", disse o professor.
"Isso não tem nenhum sentido", frisou.
De acordo com ele, não há evidências de que ela libere pela pele substâncias que sejam repelentes.
No caso da febre amarela, vale lembrar que os mosquitos transmissores da versão silvestre são o Haemagogus ou Sabethes. O Aedes aegypti também pode passar a doença, mas apenas quando se torna urbana - o que não acontece no Brasil desde 1942.
A vacina causa meningite, síndrome de Guillain-Barré e encefalopatia?
Uma mensagem reproduzida na internet diz que a vacina da febre amarela não é segura e tem danos colaterais graves, como a meningite, a síndrome de Guillain-Barré e a encefalopatia. O texto, inclusive, traz um link para uma suposta bula da vacina.
"Na bula da vacina contra Febre Amarela consta como reações e danos colaterais: MENINGITE, SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ, ENCEFALOPATIA, etc... Aqui a bula disponibilizada no site da Anvisa: http://www.anvisa.gov.br/d…/fila_bula/frmVisualizarBula.asp…, leiam na íntegra, com olhos de Águia!", diz o texto.
Essas informações são imprecisas.
Segundo a diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações, Mônica Levi, a vacina tem efeitos colaterais, mas eles acometem pacientes em situações raras - há mais chance de acordo com a idade ou estado de saúde. Sabendo disso, o Ministério da Saúde determinou grupos de risco: bebês abaixo de 9 meses e mulheres amamentando não podem tomar uma dose; idosos precisam consultar um médico para checar se estão aptos para se vacinar.
"É uma vacina de vírus vivo atenuado. Existem sintomas neurológicos, mas é excepcional. A bula precisa constar tudo. Se acontecer uma coisa a cada 30 milhões, bilhões de doses, isso precisa estar na bula, é uma exigência da Anvisa".
Segundo ela, doenças como meningite, a síndrome de Guillain-Barré e a encefalopatia constam realmente na bula. A frequência com que acontecem devido à vacina é muito rara.
"A vacina é muito eficaz e muito segura. O que você tem que avaliar é se você prefere correr o risco de uma reação adversa muito difícil de ocorrer, ou se prefere correr o risco de passar por um surto de febre amarela, que mata entre 30% e 50% dos casos graves", explicou.
Vacina paralisa o fígado?
Circula ainda uma mensagem avisando que a vacina da febre amarela causa paralisia no fígado e que já matou muitas pessoas. O texto diz que a melhor forma de proteção é com inseticida, repelente e telas nas janelas.
Mônica alerta, no entanto, que a informação sobre a paralisia no fígado é imprecisa e que a morte de muitas pessoas não é verdade.
"Pode ocorrer a visceralização devido à vacina, quando o vírus se dissemina nos órgãos e se instala um quadro tão grave quanto a própria doença. Isso já matou gente? Já. Não é nada específico no fígado, também gera insuficiência renal, por exemplo. É uma disseminação do vírus vacinal. Por isso, a gente tem que cuidar em não vacinar imunodeficiente, temos restrições para idosos. São pouquíssimos casos".


g1

Nenhum comentário:

Postar um comentário