sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Sesacre pede que médicos com mais de um contrato renunciem aos cargos

Saúde diz que ao menos 64 profissionais acumulam cargos.
'Fomos induzidos ao erro', diz médico



Documento enviado pela Sesacre dá prazo para que médicos deixem contratos que seriam excedentes (Foto: Iryá Rodrigues/G1)
Médicos que possuem mais de um vínculo empregatício com o governo do Acre - e por isso cumprem carga horária acima das 60 horas - terão que deixar um dos contratos. Segundo a Secretaria de Saúde do estado (Sesacre), cerca de 64 profissionais estão nessa situação e cumprem carga horária acima do permitido. O Sindicato dos Médicos (Sindmed - AC) critica a proposta.
De acordo com o procurador do Estado, Mayko Maia, em um processo movido pelo Sindicato dos Médicos, os profissionais alegam que teriam direito a acumular os vínculos empregatícios do Pró-Saúde com os vínculos que eles têm com o Estado. Porém, ele explica há um limite de carga horária desenvolvida pelo servidor público.
"Está tudo amparado no que preconiza a Constituição Federal. O servidor público, seja profissional de Saúde ou não, para acumular cargos necessariamente tem que ter compatibilidade de horários. E o que está acontecendo é que muitos desses profissionais têm vínculo com a Secretaria de Saúde, com o Hospital das Clínicas, que é uma entidade da administração indireta do estado e ainda um outro vínculo com o Pró-Saúde. Em determinados casos, esses profissionais chegam a alcançar uma carga horária de 90 horas", explica.
Maia diz ainda que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem proferido decisões considerando ilegais toda carga horária superior a 60 horas semanais. "Esse somatório de jornadas impediria que o profissional cumprisse efetivamente toda essa carga horária", diz.
De acordo com a Sesacre, das 64 notificações por acumulação indevida de cargo, 15 são para profissionais que possuem até três contratos.
'Fomos induzidos ao erro'
O médico Paulo Maejima, um dos afetados pela decisão, contesta a alegação sobre a ilegalidade dos múltiplos vínculos empregatícios. "O que mais nos surpreende é que na época do concurso e nossa admissão, a própria Procuradoria Geral do Estado (PGE-AC) nos deu parecer legal para a contratação e agora tem opinião contrária", diz.
Maejima diz ainda que aceita deixar o emprego no Serviço Social de Saúde do Acre (Pró-Saúde), uma paraestatal que presta serviços de saúde para o estado, desde que receba todos os direitos trabalhistas acumulados ao longo de aproximadamente sete anos de serviços prestados.
"No meu caso optarei sair do Pró-Saúde, mas com os direitos trabalhistas. Nós fomos induzidos ao erro", diz.
A opinião é a mesma do médico Nagebi El Kadri, que atua há 30 anos na Sesacre e há sete estava no Pró-Saúde.
"Estão dizendo que é ilegal, não há problema nenhum então, que nos mandem embora do Pró-Saúde e nos paguem o que temos direito. Quem nos induziu ao erro foi ao empregador, porque quando nos ofereceram o Pró-Saúde nos falaram que era legal e agora depois de sete anos tão dizendo que não pode", afirma.
Presidente do Sindmed, José Ribamar, finaliza dizendo que a saída dos médicos pode causar problemas ao sistema de saúde do estado. "Hoje o Acre tem falta de médicos e quando a gente retira dois profissionais qualificados e os deixa fora do atendimento, a fila de cirurgias vai aumentar, as pessoas vão levar mais tempo para serem operadas", diz.

Yuri Marcel e Iryá RodriguesDo G1 AC

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