quinta-feira, 16 de julho de 2015

Cabo de fibra óptica é instalado em rio para levar internet ao interior do AM

Exército propõe criar 7 mil km de rede de óptica subfluvial no Amazonas.

Projeto está orçado em R$ 1 bilhão, mas só tem R$ 15 milhões garantidos.




O Programa Amazônia Conectada deu início a instalação de 10 km de cabos de fibra óptica em um trecho do Rio Negro emManaus, na manhã desta quarta-feira (8). Até 2017, o Exército e entidades parceiras pretendem criar uma rede óptica com 7 mil km de extensão. O projeto, que pretende levar internet de banda larga para 50 municípios do Amazonas, está orçado em R$ 1 bilhão, mas somente R$ 15 milhões já estão assegurados.

O projeto-piloto liga o 4º Centro de Telemática de Área (CTA), no bairro Ponta Negra até a 4ª Divisão de Levantamento (DL) do Exército, no bairro Compensa, ambos localizados na Zona Oeste de Manaus. Ao todo, 10 km são percorridos pelo cabo, que faz um anel óptico pelo Rio Negro.
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O engenheiro Leandro de Souza, representante da única empresa responsável pela fabricação do cabo subfluvial no país, explicou que o cabo usado no projeto tem 30 milímetros de diâmetro e 10 km de extensão contínua. Ele tem ainda uma armação metálica para mantê-lo submerso nas águas, o que faz com que cada quilômetro tenha peso de 1.200 kg. O material também tem proteção contra corrosão.

"A fibra óptica é fabricada em Sorocaba. Ela é cabeada, recebendo elementos de sustentação para que possa operar no fundo do rio. Os elementos de cabeamento são para proteção da fibra, extremamente reforçado para suportar as marés e trações. A expectativa de vida útil desse cabo é de 25 anos", comentou o engenheiro.
Cabo lançado no Rio Negro tem material especial para resistir até 25 anos (Foto: Adneison Severiano/G1 AM)

O lançamento do cabo no Rio Negro teve início às 6h da manhã (7h, no horário de Brasília). A previsão é que os trabalhos sejam concluídos na noite desta quarta. Em média, 500 metros de cabo são lançados a cada hora. Uma equipe faz a colocação do cabo por meio de uma embarcação e dois mergulhadores monitoram o procedimento.

Segundo a empresa responsável pela instalação do cabo, a linha é monitorada para identificação de possíveis rompimentos. "Fizemos estudos do rio e a dinâmica dele para identificar a tecnologia mais adequada para atividade no Rio Negro. O monitoramento para verificar rompimentos do cabo de fibra óptica é bem simples. Tem um instrumento que joga um pulso de luz e se a fibra tiver uma descontinuidade essa luz se reflete, sendo que com velocidade da propagação da luz verificamos onde está a ruptura", comentou Jorge Salomão, presidente da empresa contratada para fazer a instalação e teste do cabo óptico subfluvial.

A proposta do Exército é ligar os primeiros 10 km do projeto à rede de fibra óptica já existente do Gasoduto Urucu-Coari-Manaus. A interligação permitirá a continuidade da primeira etapa do programa, que prevê a criação de uma nova rede entre as cidades de Coari e Tefé. A última fase planejada consiste em levar fibra óptica à Região do Alto Solimões. Os cabos integrarão redes de infovias – vias de informação – que cruzarão os rios Negro, Solimões, Purus, Juruá e Madeira. A expectativa é que 7 mil quilômetros de rede beneficiem 50 cidades do Amazonas e Porto Velho(RO), no prazo de três anos.
Exército que lançar 7 mil km de cabos de fibra
óptica subfluvial em rios que banham o Amazonas
(Foto: Adneison Severiano/G1 AM)

De acordo com o comandante do Comando Militar da Amazônia (CMA), o general Guilherme Theophilo, a primeira etapa do programa deve ser concluída até fim deste ano. O comandante destacou que a rede possibilitará comunicação rápida por banda larga. "A população será a mais beneficiada, pois quando se fala hoje em telemedicina e ensino à distância, ainda temos dificuldades. Transmitir imagens pelo sistema atual para os hospitais em São Gabriel e Tabatinga é quase impossível. Com cabo de fibra óptica, isso será instantâneo. O projeto facilitará o acesso à saúde, educação e cultura", ressaltou o general Theophilo.


Orçamento
A execução do projeto ainda não está totalmente assegurada por falta de recursos. Do orçamento global previsto de R$ 1 bilhão, somente R$ 15 milhões já estão assegurados. O montante corresponde aos serviços para instalação da rede óptica somente da primeira (rede em Manaus e de Coari à Tefé) e os recursos são oriundos do Ministério da Defesa.



O tenente-coronel Corrêa, comandante do 4º CTA, justificou que ainda está em articulação a captação de recursos mais recursos para as demais etapas do projeto. "A partir do momento em que a primeira etapa do projeto estiver em atividade e forem identificadas as potencialidades, acredito que vai ser mais fácil conseguir o financiamento. Hoje ainda não sabemos quem vai custear", avaliou o tenente-corornel. 
Processo de instalação de cabo óptico iniciou
nesta quarta-feira em Manaus
(Foto: Adneison Severiano/G1 AM)


Amazônia Conectada
O Programa Amazônia Conectada surgiu a partir do projeto de tese de doutorado do professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (Ifam), Guilherme Morais. Em 2010, o pesquisador apresentou o projeto em um seminário do Exército, que resolveu executar a proposta.



De acordo com criador do projeto, toda parte de infraestrutura do programa será do Ministério da Defesa, incluindo os investimentos com fibra óptica e equipamentos. A parte de operação nacional será responsabilidade da Telebras, vinculada ao Ministério das Telecomunicações. No Amazonas, a empresa de sociedade mista de Processamento de Dados do Amazonas (Prodam) atuará na captação de parceiros. 

"Ficou decidido que duas empresas irão poder negociar a capacidade dessa fibra, que são a Telebras em de nível Brasil e a Prodam em nível de estado. A Telebras vai coordenar a parte operacionalização e manutenção. Ela vai colocar tudo o que foi investido e cota de cada para manter o projeto. As empresas poderão utilizar essa fibra, desde que negocie com Telebras ou Prodam. O Exército vai repassar a permissão de uso para Eletrobras e Prodam", escalerecu Guilherme Morais.


Impactos
Os coordenadores do projeto afirmam que o lançamento da rede cabos não deve gerar impactos ambientais. "Realizamos estudos com o Ipaam para ver qual seria a melhor forma e o menor impacto. Nesse caso, não haverá impacto ambiental ao leito do rio. Se fosse uma rede em postes ou cabos subterrâneos seriam muitos impactos, pois passaria por reservas indígenas e por áreas de proteção ambiental. O leito do rio é melhor opção com impacto zero", afirmou o criador do projeto.


Primeiro trecho landçado no Rio Negro tem 10 km (Foto: Adneison Severiano/G1 AM

Adneison SeverianoDo G1 AM

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