sábado, 10 de maio de 2014

Aos 84 anos, mãe fala do orgulho e da alegria de criar e educar 13 filhos

'Apesar das dificuldades faria tudo outra vez', diz a dona de casa de Manaus.
Segundo ela, o maior conselho para educar é 'conhecer seus filhos'.

Diego Toledano

Do G1 AM

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"Cada um é diferente - acredite, eu aprendi com 13 filhos", diz mãe experiente (Foto: Diego Toledano/ G1 AM)"Cada um é diferente - acredite, eu aprendi com 13 filhos", diz mãe experiente (Foto: Diego Toledano/ G1 AM)
Benedita Falcão casou aos 20 anos de idade, em 1949. Na época, a jovem não tinha acesso ao estudo, mas dedicou-se a ser uma dona de casa exemplar. No mesmo ano em que casou, teve seu primeiro filho, chamado Pedro. Depois do menino, outros 12 filhos nasceram (são sete homens e seis mulheres). Entre dificuldades financeiras latentes e uma vida muitas vezes difícil, a senhora de agora 84 anos conta ao G1 que encontrou o verdadeiro paraíso ao ser mãe de "13 adultos maravilhosos".
Filhos e netos durante festa de aniversário de 80 anos de Benedita (Foto: Arquivo pessoal)
Filhos e netos durante festa de aniversário de 80
anos de Benedita (Foto: Arquivo pessoal)
"Já pensou? Ter 13 filhos?", brinca ela ao relembrar o nome de cada um. Ela e o falecido marido, Nilo, jamais pensaram em ter tantas crianças em casa. O número, segundo ela, não passava de três quando o casal conversava sobre a futura prole. "Não tínhamos muito dinheiro; meu marido ganhava pouco. Era encarregado de obras, então não planejávamos ter tantos filhos. Porém, eles aconteceram, e acho que fizemos um ótimo trabalho como educadores".
O dinheiro, embora tenha sido escasso em várias ocasiões, como Benedita conta, não impediu que o casal provesse uma educação de qualidade aos filhos. Dentre as profissões atuais, eles acumulam títulos de advogados, juízes e contadores. "Tudo que ganhávamos, juntávamos para dedicar à educação deles. Desde o início, sabíamos que era a saída para uma vida melhor de todos eles".
Quando questionada sobre as dificuldades, a resposta vem sem hesitação: "não foi muito difícil". Para mães de primeira viagem, ela conta que o segredo é manter diálogos constantes com os filhos. "A conversa é importante para criar nossos filhos. Se não conversarmos e explicarmos as dúvidas deles, eles com certeza vão descobrir de outras formas. O melhor é educar dentro de casa", avalia.
A "facilidade" em criar 13 filhos pode ser resultado das diferenças entre as gerações. A maior delas, para a senhora, é a obediência que percebia no passado. "Antigamente, eles obedeciam mais. Podíamos ameaçar com palmadas, não violência, mas apenas uma palmada para que eles entendessem o que é certo. É lógico que conversávamos muito, mas às vezes, a criança precisa ter uma advertência maior".
"Faria tudo exatamente da mesma forma", afirmou Benedita (Foto: Diego Toledano/ G1 AM)"Faria tudo exatamente da mesma forma", afirmou Benedita (Foto: Diego Toledano/ G1 AM)
Hoje, ela mora com um dos filhos em um apartamento, após viver por anos na mesma casa em que criou os 13 filhos. Agora, ela contabiliza netos e bisnetos e diz não opinar na educação das gerações mais novas. "Os tempos mudaram muito. Se eu der dicas do que apliquei nos meus filhos há décadas, elas não vão ter o mesmo efeito nos jovens de hoje".
Para Benedita, as mudanças, porém, não afetam o maior conselho para a educação de filhos. "Conheça suas crianças", sugere ela para mães da atualidade. "Cada um é diferente - acredite, eu aprendi com 13 filhos. Conheça os amigos deles, a rotina, enfim tudo que ajude você a identificar quando há algo de errado ou que deve ser melhorado na vida do seu filho".
Após tantos anos, a mãe de 13 diz não se arrepender das dificuldades pelas quais passou para criar todos os filhos. "Se eu tivesse 20 anos hoje, eu faria tudo exatamente da mesma forma. Se eu tivesse 13 filhos de novo, eu não reclamaria - da mesma forma como não reclamei quando tive os meus há tantos anos. Filhos são bênçãos. Eles não pediram para nascer, mas estão aqui e é nossa obrigação, como mãe e pai, fazer com que eles se tornem adultos bons".
Uma das filhas de Benedita, Tânia Falcão, de 54 anos, disse que as dificuldades e a lotação da casa sempre foram adminustrados de forma brilhante pela mãe. "Ela é uma mulher virtuosa. Serve de espelho para todo nós, filhos. Não trocaria a educação e a infância que ela me proporcionou por nada", diz. 
Agora mãe de duas filhas e avó de dois netos, ela conta que crescer com 12 irmãos desenvolveu o instinto materno. "A gente aprendeu a dividir não só bens financeiros, mas amor e tempo também. Minha mãe nunca deixou nem mesmo um dos filhos desassistido. Ela é uma mulher admirável".

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