2
Ao saber que Alfredo Karan, ministro da Marinha, conspirava contra sua candidatura a presidente, Tancredo convidou-o para continuar no cargo. Karan aceitou radiante. Às vésperas de tomar posse, Tancredo explicou-se a um amigo: “Karan tentou me dar um golpe e eu dei um golpe nele. Não será ministro”.
3
Um dia, Tancredo recebeu um recado do deputado Gustavo Farias (PMDB-RJ): “Paulo Maluf me oferece 100 mil dólares para eu votar nele. E o senhor?” Tancredo: “Só prometo que não mandarei atrás de você nem a Polícia Federal nem a Receita”. Ganhou o voto de Gustavo.
4
Houve momentos difíceis na campanha de Tancredo para presidente. Num deles, reunido com auxiliares, as reclamações foram muitas. Um disse: “O senhor abandonou Minas.” Outro: “O comitê do Maluf tem mais computadores do que o nosso”. Um terceiro: “Maluf fala olhando para a câmera de televisão e o senhor não”. Tancredo perdeu a paciência: “Se Maluf é tão melhor por que vocês não vão apoiá-lo?” Ninguém foi.
5
Eleito governador de Minas em 1982, Tancredo ouviu do seu Secretário de Planejamento, Ronaldo Costa Couto: “Para pôr ordem nas contas teremos de demitir 10 mil funcionários”. Tancredo: “Posso contratar mil?” Surpreso, Ronaldo respondeu que sim. No dia seguinte, a manchete do principal jornal de Minas foi a notícia da contratação. A fonte dela: Tancredo. Que se justificou: “Mineiro só gosta de admissão”. O jornal não noticiou as demissões.
6
Governador, Tancredo telefonou para Dornelles. Quando a secretária de Dornelles passou a ligação, Tancredo já estava na linha. Dornelles: “Mas o senhor está aí? Pensei que fosse a secretária”. Tancredo: “Só cheguei a governador porque sempre entrei na linha na frente dos outros”.
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A um amigo que o viu esperar mais de uma hora para ser atendido por um burocrata do Ministério da Fazenda, Tancredo, ainda deputado federal, ensinou: “Ele me humilha, mas libera minhas verbas. Ministro não manda em ministério. Quem manda é o segundo escalão”.
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Crisanto Muniz, deputado do PSD, queixou-se a Tancredo: “Somos amigos, mas você dá mais atenção ao Ernane Maia” (deputado do PTB). Tancredo: “Faço isso por um só motivo: ele é doido. E doido tem que ser tratado com muito carinho”.
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