sábado, 10 de abril de 2021

Menino Henry: ex-mulher de Jairinho diz ter sido agredida por ele dois dias depois do casamento

 

RIO - Em 3 de janeiro de 2014, Ana Carolina Ferreira Netto, fez um registro por lesão corporal contra o médico e vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho, com que teve um relacionamento de 21 anos. Dias depois, no entanto, alegando que o episódio tratou-se de uma crise de ciúmes, negou querer representar criminalmente contra o parlamentar. Intimada a prestar depoimento no inquérito que apura a morte de Henry Borel Medeiros, a dentista retornou a delegacia e confirmou que fora chutada após desistir de viagem de lua de mel.

Ordem cronológica: Confira a linha do tempo das investigações sobre a morte do menino

De acordo com o termo de declaração de Ana Carolina, ao qual O GLOBO teve acesso com exclusividade, ela contou que a “infelicidade” e as “traições” de Jairinho geraram um relacionamento “conturbado”, visto que as amantes do vereador a “perseguiam” e a “afrontavam”. Segundo ela, ele sempre teve um perfil de “namorar as amantes”. A dentista disse que o casal namorou por seis anos, morou junto por nove e então marcaram a cerimônia religiosa de casamento para 27 de dezembro de 2013.

Ana Carolina relatou que, dois dias após o enlace, ela estava fazendo as malas para a viagem de lua de mel quando recebeu uma ligação de um número restrito na qual uma mulher a ofendia e dizia que Jairinho, que saira de casa sob a alegação de encontrar um amigo, estava, na verdade, indo encontra-la. A moça contou ter descido até a garagem e encontrado o companheiro no carro, falando com uma mulher no telefone.

A dentista lembrou ter dito: “Acabou” e retornado a cobertura onde moravam para desfazer as malas. Ao perceber que a mulher havia desistido da viagem, Jairinho teria a agredido com chutes. Na ocasião, Ana Carolina disse na delegacia que ele o vereador teve um “ataque de fúria”, a segurando pelo braço, a arrastando até a cozinha, a ofendendo e a chutando “por várias vezes com muita força”. Um laudo de corpo de delito confirmou lesões.

Apesar de ter narrado na ocasião que ele “sempre foi violento”, já a agrediu diversas vezes e tentou enforca-la em uma ocasião, ontem a dentista afirmou que esse comportamento violento do parlamentar só ocorreu no dia 29 de dezembro de 2013, negando, inclusive, que ele tenha batido nos dois filhos do casal. Ana Carolina mencionou um episódio de fuga de sua filha, em 2016, mas afirmou que o motivo seria a falta de vontade da menina em participar das aulas de inglês.

Como O GLOBO mostrou, em 2019, vizinhos da família denunciaram que a dentista e a menina sofriam “violências, humilhações, insultos e ofensas” por parte de Jairinho. Uma ligação a Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180) citava xingamentos e barulhos de objetos sendo quebrados no apartamento.

Caso Henry: história marcada por crueldades chamou atenção da polícia

A denúncia foi encaminhada também a Ouvidoria do Ministério Público estadual, que a remeteu a 1ª Central de Inquéritos, que por sua vez acionou o Conselho Tutelar. Um documento assinado pela conselheira Elizabeth do Nascimento Silva Soares, em 22 de agosto daquele ano, afirma que foi feita uma visita à residência do casal. Recebida por Ana Carolina, a profissional relatou que a dentista negou a veracidade do conteúdo da denúncia.

Ela foi notificada e, dias depois, compareceu à sede do Conselho levando a filha. A filha garantiu que o relacionamento dos pais era “normal” e que às vezes eles chegavam a discutir, mas, se assim não fizessem, não seriam um “casal normal”. A adolescente também negou que tenha presenciado a mãe sofrer “algum tipo de violência”.

Múltiplas lesões

Jairo Santos Santos Júnior, o Dr. Jairinho, de 43 anos, e a mãe de Henry, Monique Medeiros, de 33, foram presos na quinta-feira, suspeitos de homicídio duplamente qualificado e tortura. Henry, segundo a polícia, foi espancado na madrugada do dia 8 de março no imóvel em que vivia com Monique e o padrasto.

Fonte: Jornal o Globo Rio

Nenhum comentário:

Postar um comentário