Desde o início do ano passado, as infecções pela doença aumentaram no Brasil e, consequentemente, também cresceram informações imprecisas e mentirosas sobre os riscos da vacinação.
ma corrente de
Whatsapp afirma que a vacina contra a febre amarela não funciona mais
porque o vírus sofreu uma mutação. Em outro texto que circula por aí, a
"dica infalível" contra a doença é tomar própolis diluído na água ou
no suco para se proteger contra o mosquito Aedes aeypti. Mas os especialistas
alertam: nada disso é verdade.
Para esclarecer
outras informações divulgadas sobre a vacina, o G1 lista
vários boatos e explica com a ajuda de pesquisadores porque essas correntes são
falsas e/ou imprecisas.
Mutação no vírus afetou a eficácia da vacina?
A mensagem
alerta: "O vírus da febre amarela vem sofrendo mutações e mesmo vacinados
corremos riscos".
O texto que tem
se espalhado diz que a Fiocruz lançou uma nova orientação sobre a febre
amarela, afirmando que o vírus vem sofrendo mutações e que, mesmo com a vacina,
há riscos de contrair a doença. "Sendo assim orienta para o uso de
repelentes a base de icaridina pra todo mundo", diz. "Há um novo
vírus mutante nos rondando e para o qual não existe vacina", conclui.
A Fiocruz diz que
a mensagem é falsa. A instituição publicou uma nota em suas
redes sociais para desmentir os boatos relacionando as mutações do vírus da
febre amarela à ineficácia da vacina.
De fato, mutações foram encontradas no
vírus da febre amarela em 2017. No mesmo dia da divulgação
dos resultados da análise, a própria instituição informou que não havia redução
na eficácia da vacina.
Tomar própolis espanta o Aedes aegypti?
Circula pelas
redes sociais a informação de que ao tomar de 3 a 6 gotas de própolis por dia é
possível afastar o mosquito Aedes Aegypti, capaz de transmitir a febre amarela
e outras doenças como dengue, chikungunya e zika virus.
A mensagem diz que a própolis entra
na corrente sanguínea e seu cheiro é expelido pelos poros,
os mosquitos não suportam o cheiro e não picam.
Se fosse fácil
assim, não teríamos mais problemas", diz Antonio Salatino, mestre e doutor
em Ciências Biológicas pela Universidade de São Paulo (USP) e professor sênior
da mesma instituição. Ele orienta pesquisas sobre própolis e plantas medicinais
e garante que a informação não procede
"Se fosse fácil assim, não
teríamos mais problemas", diz Antonio Salatino, mestre e doutor em
Ciências Biológicas pela Universidade de São Paulo (USP) e professor sênior
da mesma instituição. Ele orienta pesquisas sobre própolis e plantas medicinais
e garante que a informação não
procede.
"A própolis tem muitos efeitos
benéficos, mas dizer que pode afastar mosquistos é absurdo", disse o
professor.
"Isso não tem nenhum
sentido", frisou.
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De acordo com
ele, não há evidências de que ela libere pela pele substâncias que sejam
repelentes.
No caso da febre amarela, vale lembrar que os
mosquitos transmissores da versão silvestre são o Haemagogus ou Sabethes. O
Aedes aegypti também pode passar a doença, mas apenas quando se torna urbana -
o que não acontece no Brasil desde 1942.
A vacina causa meningite, síndrome de Guillain-Barré e encefalopatia?
Uma mensagem
reproduzida na internet diz que a vacina da febre amarela não é segura e tem
danos colaterais graves, como a meningite, a síndrome de Guillain-Barré e a
encefalopatia. O texto, inclusive, traz um link para uma suposta bula da
vacina.
"Na bula
da vacina contra Febre Amarela consta como reações e danos colaterais:
MENINGITE, SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ, ENCEFALOPATIA, etc... Aqui a bula
disponibilizada no site da Anvisa:
http://www.anvisa.gov.br/d…/fila_bula/frmVisualizarBula.asp…, leiam na íntegra,
com olhos de Águia!", diz o texto.
Essas
informações são imprecisas.
Segundo a
diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações, Mônica Levi, a vacina tem
efeitos colaterais, mas eles acometem pacientes em situações raras - há mais
chance de acordo com a idade ou estado de saúde. Sabendo disso, o Ministério da
Saúde determinou grupos de risco: bebês abaixo de 9 meses e mulheres
amamentando não podem tomar uma dose; idosos precisam consultar um médico para
checar se estão aptos para se vacinar.
"É
uma vacina de vírus vivo atenuado. Existem sintomas neurológicos, mas é
excepcional. A bula precisa constar tudo. Se acontecer uma coisa a cada 30
milhões, bilhões de doses, isso precisa estar na bula, é uma exigência da
Anvisa".
Segundo ela,
doenças como meningite, a síndrome de Guillain-Barré e a encefalopatia constam
realmente na bula. A frequência com que acontecem devido à vacina é muito rara.
"A
vacina é muito eficaz e muito segura. O que você tem que avaliar é se você
prefere correr o risco de uma reação adversa muito difícil de ocorrer, ou se
prefere correr o risco de passar por um surto de febre amarela, que mata entre
30% e 50% dos casos graves", explicou.
Vacina paralisa o fígado?
Circula ainda
uma mensagem avisando que a vacina da febre amarela causa paralisia no fígado e
que já matou muitas pessoas. O texto diz que a melhor forma de proteção é com
inseticida, repelente e telas nas janelas.
Mônica alerta,
no entanto, que a informação sobre a paralisia no fígado é imprecisa e que a
morte de muitas pessoas não é verdade.
"Pode
ocorrer a visceralização devido à vacina, quando o vírus se dissemina nos
órgãos e se instala um quadro tão grave quanto a própria doença. Isso já matou
gente? Já. Não é nada específico no fígado, também gera insuficiência renal,
por exemplo. É uma disseminação do vírus vacinal. Por isso, a gente tem que
cuidar em não vacinar imunodeficiente, temos restrições para idosos. São
pouquíssimos casos".
g1
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